Friday, March 17, 2006

"Homo Sportivus" - O outro lado da paixão


As claques são muitas vezes apontadas como as responsáveis pelos actos de violência no futebol. Membros das claques com visões diferentes.
As paixões têm destas coisas: da intensidade à loucura é um curto passo que se desenha. Para além do colorido nos estádios, das vozes erguidas, as claques e todo o ambiente à volta delas, criam, não raras vezes, um fanatismo quase primário.
A violência no futebol é um fenómeno complexo, onde se entrecruzam pessoas e política.

“A violência é normal. A maioria dos SD são jovens dos bairros que passam o dia a roubar e que depois transmitem essas coisas para a claque. Mas também temos que perceber o dia-a-dia deles, a forma como foram educados”
Fernando Madureira – Líder dos Superdragões (SD)

“Não existe relação directa entre a violência e as claques. Juntar essas duas palavras é a forma mais fácil de justificar qualquer ocorrência, é a forma mais fácil dos média se justificarem, a forma das forças de segurança se auto-promoverem. É, portanto, a imagem fácil do português provinciano, básico e altamente preconceituoso”
Bruno – No Name Boys (NN)

"A aglomeração das pessoas provoca estados de espírito completamente diferentes. A adrenalina ao máximo, a nossa força pessoal cresce e assim sobe também a força do grupo”
João Guerreiro – Juventude Leonina (JL)

É a embriaguez das massas, a explosão de sentimentos, a angústia da derrota, a superioridade da vitória. É um aglomerado de sentimentos e também “um hábito de violência incorporado já no quotidiano e o anonimato que a claque proporciona leva ao desenvolvimento destas actividades criminosas", explica o antropólogo Daniel Seabra.
Política e futebol
Daniel Seabra, partindo do seu trabalho de pesquisa nas claques portuenses, ressalva que “há de facto extrema-direita e extrema-esquerda nas claques, mas é uma percentagem muito reduzida”.
Exemplo dessa militância é a Curva Nord, claque da Lázio, ligada à extrema-direita. Pelas bancadas do Estádio Olímpico de Roma, a Curva Nord mostra a sua força e os seus ideias, com suásticas à mistura.
Apesar desta conotação, os SD não escondem a relação de proximidade que têm com a Curva Nord. “Todas as claques em Portugal seguem um pouco o exemplo italiano. Com a Lázio, se calhar por ser azul, gerou-se uma empatia”, recorda Fernando Madureira, líder dos SD. No entanto, “é uma relação de amizade e nada mais que isso, não há relação política”, ressalva.
No "Expresso" do dia 11 de Maio de 2002, um dos membros dos 1143 explica a lógica dos próprios “skins” dentro do futebol. “É impensável um ‘skin’ bater noutro ‘skin’ só por causa do futebol”, afirmou. Já em relação a não “skins” a conversa é outra: a violência pode surgir mesmo contra quem veste a camisola do Sporting, o que lhes vale críticas no seio da JL.
João Guerreiro, da JL, afirma mesmo que "se houver alguém que vá ao estádio e, na mesma bancada da JL resolver abrir um pano com uma céltica, a claque não pode ser responsabilizada por isso”.
Desporto e sociedade
Como se pode constatar, existem diversas razões subjacentes ao envolvimento das claques, de alguns dos seus membros, no despoletar da violência no desporto.
Essa violência tem maior notoriedade no futebol, pois é o desporto mais popular, que movimenta "massas" e que detem uma maior projecção global através dos meios de comunicação.
Penso que a modalidade desportiva, as cores de um determinado clube apenas servem para "camuflar" a verdadeira origem do problema.
As razões que levam alguem a cometer tais actos de barbaridade social podem ser de ambito politico, economico, envolvimento social...Os problemas do seu quotidiano são levados para o seio de um grupo maior, quanto maior melhor, pois assim conseguem esconder-se e despoletar a violencia entre um maior numero de pessoas e possiveis seguidores (É dificil ver este tipo de violencia em claques de clubes "pequenos").
O desporto apenas é um meio para alcançarem um fim, os seus objectivos.
A comutação de actos de violencia com o desporto so será quebrada quando os agentes desportivos, dirigentes, jogadores, começarem a ter consciencia que as "novelas" que protagonizam semana após semana e que os media fazem questão de explorar até à exaustão, são utilizadas como "bode expiatório" para acender novos rastilhos, sejam eles politicos, economicos ou sociais.
Cada um de nós pode fazer com que estas situações não tenham continuidade, para isso basta que eduquemos as crianças de hoje (os adultos de "amanhã"), mostrando-lhes esta realidade e advertindo para as suas consequências para a sociedade. Esconder estas situações apenas leva a que as crianças "amanha" quando contactarem com esta realidade, não sejam capazes de tomar a decisão correcta do caminho a tomar, pois não sabem com o que estão a lidar e o que isso vai influenciar tanto nas suas vidas pessoais como na vida social de uma cidade, região ou país.
Pensem nisto...
Saudações Desportivas!

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